segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sentindo As Meninas de Maite e Haddad

Falar de morte... Que coisa difícil. Coisa que essas meninas fazem com uma sutileza, uma alegria de vida e de morte. Por alguns segundos queria morrer ali, naquela hora, só para poder conviver, morto vivo, com aquelas personagens tão lindas.
Em outros momentos, voltei no tempo e me vi moleque, quando morava nos fundos de uma igrejinha, no meu primeiro velório, chorei(por que choravam), e vivo, pude contemplar o horror e a beleza da morte, de pertinho, coisa que só os espíritos infantis podem fazer. Os algodões no nariz me eram muito estranhos(como é que o morto vai respirar?). Venci meu medo e toquei na gelada pele do morto que eu nem sabia quem era. Depois de um tempo, passou a ser normal, aquele cheiro de flores, um programa de moleques curiosos, que no intervalo da bola de gude iam ver quem era o felizardo que estava indo pro céu. Voltando ao espetacular espetáculo(pq nem todos ditos espetáculos são espetaculares), consegui ver ali todas as mulheres da minha família e do mundo.
Com relação ao trabalho das atrizes, não tenho o que dizer, porque elas não estavam lá na cena, na história, eram invisíveis. Deram seus lugares às manifestações ao abrirem seus canais de afeto. Pude notar suas presenças* apenas nos momentos(recepção, intervalo e cumprimentos finais) em que receberam o publico desde a entrada, de peito aberto, nos incluindo na magia sem mistério, na vida real de uma sala de teatro (que consegue romper as paredes e alcançar o mundo), de maneira que, cantando e dançando fomos todos entrando e nos aconchegando em nossos lugares para assistir ao grande e prazeroso sacrifício do oficio, a entrega de seus corpos e sentidos para serem devorados pela manifestação das personagens, e pela sede do publico carente por bom teatro. Aí, mergulhamos fundo na história de Consuelo, no oceano das emoções que a morte causa, onde podemos explorar esse lugar quase sempre desconhecido, por conta do medo e no entanto fascinante. Submergimos então num pequeno “intervalo” musical, onde pegamos oxigênio para seguir em frente, até o fim. BRAVO!
O inefável estava presente. Em cada girar do cenário, podíamos sentir o céu e o inferno visitando aquele lugar, no plano dos seres, o velório de uma transgressora que foi feliz ao se livrar da prisão e pagar com a vida, a liberdade.

*geralmente quando noto a presença do ator durante o espetáculo é porque ele não vai nada bem.

Linda obra orquestrada por Amir Haddad

Confesso que não me atraía à Maite, mas depois dessa vivencia estou encantado.

Um parabéns especial para a Linda Larissa Bracher, que depois vim a saber, estava substituindo(tarefa sempre difícil)a Vanessa Gerbelli, mas com uma sintonia de Consuelo e de meninas, de outros tempos. Missão difícil agora é a da Vanessa, quando voltar das gravações da minissérie... (Ainda não entendo isso de pessoas com talento e estabilidade profissional, trocar o teatro por qualquer coisa que seja. Escolhi o teatro porque não existe dinheiro que pague, status, nem lugar no mundo onde eu me sinta tão vivo, feliz e realizado quanto numa boa peça de teatro. Mas também nunca fiz televisão pra saber.) Sei que a Vanessa é um excelente atriz de teatro (o que foi ela em Orlando? assiti 3x) e de TV, mas ante a escolha, podia dar ou dividir o trabalho com a talentosa substituta, já que não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, ou será que pode estar na zona sul, mas não na norte...?

Em fim... são reflexos. tudo significa aos olhos de um atento espectador.

As Meninas

Escrita por Maitê Proença e Luiz Carlos Góes, a peça As Meninas conta a história de Consuelo, uma mãe morta que, em pleno velório, se levanta do caixão e faz uma viagem ao passado, relembrando passagens de sua vida com a filha e uma amiga da menina.

Dirigido por Amir Haddad, o espetáculo é estrelado por um elenco feminino formado por Analu Prestes, Clarisse Derzié Luz, Sara Antunes, Patrícia Pinho e Larissa Bracher.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Aprendizado sobre poder ser/estar


Adaptação. Improvisação.
Minha fraqueza não está na minha técnica.
Como sou vencido?
Eu acredito nisso? Que sou mais forte ou mais fraco que...
Finalmente. Tem algo a ver com meus músculos, na situação?
Ser sincero.
O ar que eu respiro é o mesmo ar que todos respiram.
Tente de novo.
O que eu estou esperando? Eu sou melhor do que isso!
Não tenho que pensar que sou, tenho que saber que sou. Eu sou!
Vamos, pare de tentar acertar e acerte!
Vou libertar a minha mente.
Que Deus me mostre a porta para eu atravessá-la.
Preciso me livrar do medo, da duvida e da descrença.
Libertar minha mente.
Ok, ninguém consegue no primeiro salto.
A mente é que torna real. O corpo não vive sem a mente, o corpo vive de acordo com a mente.
O sistema quer nos pegar, é o nosso inimigo. Mas quando estou no sistema, o que vejo? Homens, mulheres, pessoas de todos os tipos. As mesmas pessoas que de alguma forma querem ser salvas. Essas pessoas fazem parte do sistema e isso faz delas minhas inimigas. Tem que se entender que a maioria delas não esta pronta para acordar, e muitos estão tão inertes, tão dependentes do sistema que vão lutar para protegê-lo. Geralmente estou atento, ou desligado, de olho num rabo de saia?
Se eu não for eu, serei eles.
Alguns -os agentes de poder- protegem todas as portas, e tem todas as chaves. Cedo ou tarde terei de lidar com eles. A grande maioria se fode, mas onde eles falharam eu vou vencer. Agentes de poder arrebentam com a vida de pessoas, gente que tenta, que descarrega todo seu potencial neles mas, não - vencem - acertam. O potencial dos agentes se baseia num mundo feito de regras, por isso eles podem ser tão bons quanto eu. Posso me esquivar deles? Quando eu estiver pronto isso não será necessário. Não devo pensar em termos de certo ou errado. Deus me direciona, me ajudando a achar o caminho. Deus me mostra a porta mas a vontade de entrar tem que ser minha. Existem tantos outros com potencial...
Conhece-te a ti mesmo! E não se preocupe. Deus sabe de tudo. E gosta de mim mais do que imagino.

Ser é como estar apaixonado. Ninguém pode te dizer se você está. Você simplesmente sabe, e não tem duvida nenhuma.

Eu tenho o dom mas parece que estou esperando por algo, minha próxima vida talvez. Por que?
E se não tiver próxima vida? E se eu não tiver dom lá porque não soube usar aqui?

Os meus acreditam em mim. Sem eles eu estou perdido.

Quando eu acordar de manha me sentirei melhor. Vou me lembrar que não acredito em destino e que estou no controle da minha vida, e Deus no comando.

O futuro está em nossas mãos.
Agora mesmo, no presente momento.