quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Muito pelo contrário


"Em uma certa manhã empreguinada de rotina
Pairou sobre sua cabeça uma linha amarela de pensamentos:
Teve certeza de que o frio era tão frio apenas para deixar o calor do verão mais quente.
Que a dor doía tanto para a felicidade ser plena enquanto ela for felicidade.
Que as nuvens eram uma espécie de cortina que se abriam para o espetáculo solar acontecer.
Que seus sapatos furados eram furados, para poderem ser usados nos caminhos mais bonitos...
Que por acaso, eram os mais cheios de lama.
Pensou que seria bom desajeitar o quarto naquela manhã.
Desorganizar o organizado.
Bagunçar o arrumado.
Erronizar o acerto!
E era tudo novo!
Cada coisa em seu lugar oposto.
Devidamente fora de perímetro.
Ao invés de tirar o pó, ligou o ventilador e jogou porpurina contra o vento.
E admitiu ser uma idéia brilhante.

Saiu de casa pela porta dos fundos.
Não chutou as latinhas de refrigerante que encontrava no chão Abaixou-se,
e foi jogando elas de uma mão para outra, até avistar uma lixeira.
Ao passar pela praçinha, sentou-se em um de seus bancos.
Não olhou para o chão, olhou para o céu.
Não chorou, sorriu!
Não resignou - se, satisfez-se!
Avistou um formigueiro, e não assassinou as formigas.
Matou a fome das pequenas "quase - insignificantes" com as migalhas de seu biscoito.
Voltou para a casa, como se nunca estivesse estado lá.
Deixou a porta do quarto aberta, mas ninguém foi perturbar.
O último pensamento amarelo do dia passou pela sua cabeça antes que adormecesse
Passou e deixou um vasto rastro de razão:
Tudo passa a ser diferente quando se tira a poeira do coração."
POR CINTIA LUANDO

2 comentários:

Thiago Hausen disse...

QUANTOS MERGULHOS PELAS ENTRANHAS DA SENSIBILIDADE HUMANA ESSA MENINA ME FAZ DAR.

Anônimo disse...

Nossa... falando bonito hein!!!!